Rachel Parker é uma jovem designer têxtil do Reino Unido. Pinta, desenha, mas sobretudo
borda. Em 2012 concluiu Belas Artes com especialização em Têxteis. Fizemos-lhe
esta entrevista para nos explicar o seu trabalho.
Aprendeste bordado
quando estudavas Belas Artes ou antes de ir para a universidade?
Comecei
a bordar quando era pequena. A minha mãe tinha uma caixa enorme cheia de fios
de bordado e eu adorava brincar com ela. Também ficava encantada com caixa de
botões da minha avó. Primeiro ensinaram-me a bordar com kits de ponto de cruz
básicos com desenhos de peixes, flores, vasos e carros de brincar e fiquei
fascinada com repetição e o ritmo dos pontos.
Assim
anos mais tarde quando estudava Têxteis na universidade, decidi voltar às
minhas origens e às minhas primeiras experiências com agulha e fios e comecei a
explorar o ponto de cruz de forma contemporânea.
Bordas sobre papel e tecido? Em que outras superfícies bordas?
Experimentei diferentes suportes, incluindo madeira perfurada, malas, malhas de tricô, cadeiras e até uma mesa. O ponto de cruz é uma técnica simples, o que o torna fácil de aplicar em diferentes suportes. Qualquer superfície se pode tornar uma quadrícula.
Então tens um passado de
ponto de cruz tradicional?
Costumava
bordar muitos kits de ponto de cruz tradicional e ainda tenho muitos, que vou
bordando de vez em quando. Fascinam-me os marquoirs e as peças de bordado
antigas e sempre que posso vou a lojas de segunda mão à procura de peças
antigas como fonte
de inspiração. Adoro encontrar antigos esquemas de ponto de cruz, que estão
marcados ou desenhados por cima, é como se a bordadeira tivesse acrescentado um
pouco de história ao esquema.
Na
universidade passei muito tempo no arquivo têxtil de Norwich, onde estudava as
coleções não só de ponto de cruz como também de bilros, tricô e padrões
antigos. Apreciar as práticas tradicionais e a ideia do novo/antigo é algo que
está muito presente no meu trabalho.
Tens algum conselho para bordar sobre papel?
Planeio
sempre a peça primeiro e faço o esquema, porque ao contrário do tecido, é difícil
descoser o papel. Uma vez os orifícios feitos, não se podem modificar! Ponho
sempre algumas peças de feltro grosso por baixo do papel, quando faço os
orifícios. Também é importante não esticar muito os fios. Aconselho a experimentar
diferentes espessuras e texturas de papel até encontrar o que te serve melhor.
Que tipo de fios costumas usar?
Quando
trabalho sobre papel gosto de usar Mouliné,
porque posso trabalhar com várias grossuras de fio e brincar com diferentes
efeitos. Gosto de trabalhar com um cabo e fazer várias camadas de cores
diferentes, é como misturar cores enquanto bordas.
Explica-nos o projeto “Hand Stitches”:
Explorar
a ideia do ponto de cruz levou-me a diferentes direções, uma delas foi uma
coleção de amostras, que exploram a ideia das superfícies com muita densidade
de pontos através de diferentes camadas de fios. Recordo-me que quando era
pequena, bordava num tecido com orifícios muito separados. Era mais fácil para
contar e realizar desenhos simples.
Decidi
usar esse tipo de tecido como base, fazer várias camadas de pontos com um
algodão grosso e assim criar uma superfície de fios e pontos, que esconde a facilidade
do tecido de base.
As
bordadeiras tradicionais são obcecadas pela parte detrás do tecido limpa e
ordenada, eu faço o oposto. Quando voltas o tecido bordado, surge um padrão
caótico, que tem origem na repetição.
Muito obrigada Rachel! Adorámos conhecer a tua obra. Pode ver mais trabalhos no seu site.
Rachel
tem uma loja online, onde vende algumas das suas peças. A coleção de telas
impressas inspiradas
na sua coleção de ponto de cruz “the Samplers” está disponível em Printed&Co.
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