sábado, 14 de novembro de 2015

Entrevista a Rachel Parker, artista têxtil inglesa


Rachel Parker é uma jovem designer têxtil do Reino Unido. Pinta, desenha, mas sobretudo borda. Em 2012 concluiu Belas Artes com especialização em Têxteis. Fizemos-lhe esta entrevista para nos explicar o seu trabalho.

Aprendeste bordado quando estudavas Belas Artes ou antes de ir para a universidade?
Comecei a bordar quando era pequena. A minha mãe tinha uma caixa enorme cheia de fios de bordado e eu adorava brincar com ela. Também ficava encantada com caixa de botões da minha avó. Primeiro ensinaram-me a bordar com kits de ponto de cruz básicos com desenhos de peixes, flores, vasos e carros de brincar e fiquei fascinada com repetição e o ritmo dos pontos. 
Assim anos mais tarde quando estudava Têxteis na universidade, decidi voltar às minhas origens e às minhas primeiras experiências com agulha e fios e comecei a explorar o ponto de cruz de forma contemporânea.


Bordas sobre papel e tecido? Em que outras superfícies bordas?
Experimentei diferentes suportes, incluindo madeira perfurada, malas, malhas de tricô, cadeiras e até uma mesa. O ponto de cruz é uma técnica simples, o que o torna fácil de aplicar em diferentes suportes. Qualquer superfície se pode tornar uma quadrícula.


Então tens um passado de ponto de cruz tradicional?
Costumava bordar muitos kits de ponto de cruz tradicional e ainda tenho muitos, que vou bordando de vez em quando. Fascinam-me os marquoirs  e as peças de bordado antigas e sempre que posso vou a lojas de segunda mão à procura de peças antigas como fonte de inspiração. Adoro encontrar antigos esquemas de ponto de cruz, que estão marcados ou desenhados por cima, é como se a bordadeira tivesse acrescentado um pouco de história ao esquema. 
Na universidade passei muito tempo no arquivo têxtil de Norwich, onde estudava as coleções não só de ponto de cruz como também de bilros, tricô e padrões antigos. Apreciar as práticas tradicionais e a ideia do novo/antigo é algo que está muito presente no meu trabalho.


Tens algum conselho para bordar sobre papel?
Planeio sempre a peça primeiro e faço o esquema, porque ao contrário do tecido, é difícil descoser o papel. Uma vez os orifícios feitos, não se podem modificar! Ponho sempre algumas peças de feltro grosso por baixo do papel, quando faço os orifícios. Também é importante não esticar muito os fios. Aconselho a experimentar diferentes espessuras e texturas de papel até encontrar o que te serve melhor.


Que tipo de fios costumas usar?
Quando trabalho sobre papel gosto de usar Mouliné, porque posso trabalhar com várias grossuras de fio e brincar com diferentes efeitos. Gosto de trabalhar com um cabo e fazer várias camadas de cores diferentes, é como misturar cores enquanto bordas.


Explica-nos o projeto “Hand Stitches”:
Explorar a ideia do ponto de cruz levou-me a diferentes direções, uma delas foi uma coleção de amostras, que exploram a ideia das superfícies com muita densidade de pontos através de diferentes camadas de fios. Recordo-me que quando era pequena, bordava num tecido com orifícios muito separados. Era mais fácil para contar e realizar desenhos simples. 
Decidi usar esse tipo de tecido como base, fazer várias camadas de pontos com um algodão grosso e assim criar uma superfície de fios e pontos, que esconde a facilidade do tecido de base.


As bordadeiras tradicionais são obcecadas pela parte detrás do tecido limpa e ordenada, eu faço o oposto. Quando voltas o tecido bordado, surge um padrão caótico, que tem origem na repetição.


Muito obrigada Rachel! Adorámos conhecer a tua obra. Pode ver mais trabalhos no seu site.
Rachel tem uma loja online, onde vende algumas das suas peças. A coleção de telas impressas inspiradas na sua coleção de ponto de cruz “the Samplers” está disponível em Printed&Co.


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