terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Bordado de Guimarães


Jubela

Na Idade Média os bordados eram uma arte efectuada por grandes profissionais, na maioria masculinos. Embora existisse um reduzido número de mulheres, geralmente ligadas à família do bordador. Correspondia a uma carreira profissional muito rígida, que começava em aprendiz até mestre e acabava com um rigoroso exame do ofício. Estes artífices tentavam dar resposta às variadíssimas encomendas dos altos dignitários da nobreza e do clero.

Essas encomendas eram ostentosas, vestes que pretendiam demonstrar o poder de quem as envergava. Para tal muitas vezes eram aplicados materiais preciosos como ouro, prata e pedras preciosas.

Os compradores deste vestuário eram muito exigentes e possuíam um gosto bastante apurado, provocando um forte surto de desenvolvimento do bordado, por volta dos séculos XVI e XVII.

Devido a esta ostentação e luxúria, os monarcas começaram a combater este tipo de bordados no vestuário, tornando-os cada vez mais decadentes, sem grande exigência, tanto a nível técnico como de desenho. 




Um dos bordados mais conhecidos a ouro, realizado com vários pontos em fio metálico dourado pelas senhoras vimaranense (numa época em que o bordado já se tinha tornado feminino), foi a bandeira de seda verde com a inscrição “antes quebrar que torcer” executada em 1884, quando existia a crise entre Guimarães e Braga.

Desde o séc. XVI até quase à segunda metade do séc. XIX, os bordados apoiavam-se essencialmente em trabalhos laboriosos das mulheres das classes mais abastadas, que os realizavam geralmente em horas de lazer e aconchegadas no seu lar e na sua família. Os bordados faziam parte da educação e da condição feminina e das suas criadas quando faziam a sua formação nos conventos femininos. Assim, a arte de bordar foi passada também às suas criadas, que as ajudavam nesse lavor. 


 

Ao longo dos tempos foi-se formando uma tendência, que resultou de uma mistura de vários tipos de bordados, formando um novo gosto a que se chamou Bordado de Guimarães.

Os panos usados para bordar são geralmente em linho industrial mas também ainda há quem utilize pano de linho caseiro. A estrutura dos desenhos é feita previamente em papel vegetal e com os desenhos baseados sempre na fauna e flora locais: silvas, passarinhos, flores, estrelas, cercaduras, laços, entre outros.



Os desenhos são sempre bordados em monocromias a vermelho, branco, bege, cinza, ou azul. É utilizado o fio Algodão Perlé DMC, vermelho nº 321, azul nº 796, cinza nº 415, bege nº 644 e branco. 


 

As peças realizadas são actualmente das mais variadas, como por exemplo: toalhas de baptizado, toalhas de mesa, toalhas de mão, panos para os cestos do pão, panos para gargalos de garrafas, panos para resguardar o queijo, naperons de tabuleiro, vestidos de cerimónia, cortinas ou resguardos para o pão-de-ló.

Todas estas peças são bordadas em conformidade com os pontos mais característicos dos Bordados de Guimarães e de forma adaptada ao desenho: ponto pé de flor, cadeia, lançado, espinha, galo, caseado, nós, formiga, traço e margarida.



3 comentários:

  1. Que maravilhosos trabalhos. Obrigada pela partilha.

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  2. Gostei muito destes bordados.
    Como faço para adquirir um risco para tolha de altar?
    Vi uma com um cacho de uvas, perfilada, tinha rechiliê .
    Se vc tiver manda para mim, e como faço para mandar o valor.
    Espero respostas.

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