Entrevistámos a bordadeira francesa Marion Romain para que nos contasse como começou a bordar, como é o
seu processo criativo e que conselhos tem para as bordadeiras principiantes.
Quem é a Marion
Romain?
Chamo-me Marion e tenho 27 anos. Tenho um blogue desde 2012,
um espaço que utilizo para partilhar as minhas criações, as minhas viagens, as
minhas descobertas e os meus pequenos prazeres quotidianos. Graças ao blogue
aumentei e aperfeiçoei os meus projetos criativos.
Atualmente um dos meus sonhos é abrir uma loja online para no
futuro poder viver das minhas criações. Se misturar as letras do meu nome, vai
obter “Romain”, foi assim que escolhi o meu nome artístico.
Quando começou a
bordar e como aprendeu?
O bordado é algo muito presente na Bretanha, a minha região
natal. Sempre admirei os maravilhosos vestidos tradicionais bretões com os seus
bordados. A minha mãe bordava extraordinariamente bem quando era jovem, foi algo
que esteve sempre à minha frente e que só recentemente descobri. Há dois anos
visitei uma exposição do bordador Pascoal Jaouen na sua escola de bordado em
Quimper. Participei num desses cursos que me ajudou muito, apesar de que dois
anos mais tarde tenho vergonha de não ter terminado o bordado de flores que me
tinha proposto fazer. Por fim aprendi muito de forma autodidata com a prática.
O que a inspira?
Inspiram-me as coisas do quotidiano. Desde um filme ou uma
série de TV até um cão que corre na praia, os motivos duma echarpe, as estações
do ano, o meu gato... Para além disso sou uma fã incondicional das tapeçarias
inglesas e da estética do desporto dos anos 20 aos anos 50.
Pode explicar-nos o seu
processo criativo quando borda?
Começa tudo com um desenho. Desenho diretamente sobre o
tecido com uma caneta solúvel em água.
Atualmente ando bastante obcecada com os cães, porque me
permitem brincar com a cumplicidade entre o homem e o animal. Tento sempre
contar uma história nos meus bordados. Experimentei coisas muito diferentes nestes
dois anos, mas agora sei que preciso de coisas vivas que não sejam motivos
puramente decorativos.
Também me esforço por trabalhar com texturas para enriquecer
os meus bordados. Acho muito interessante bordar roupa, porque é um terreno sem
limites (tipos de pontos de malha de inverno, motivos de xadrez...). Tento
sempre alternar os espaços vazios e os espaços bordados. Nunca coloco cor na
cara dos meus personagens, gosto que se vejam bocados da tela, como um bordado
que respira...
Qual é o seu ponto de
bordado favorito?
Provavelmente os pontos mais fáceis como o ponto pé de flor.
É o ponto que mais se aproxima do traço do lápis, parece-me. Utilizo-o em todos
os meus bordados para traçar o contorno dos meus personagens. Não que procure
novas técnicas ou pontos de bordado, estou satisfeita com os pontos básicos.
Algumas vezes apetece-me inovar e aí procuro na internet alguma coisa original.
Recentemente adorei utilizar o ponto pompom para acabar o bordado dum gorro.
Que tipo de fio
utiliza?
Utilizo o Mouliné de 6 cabos da DMC. Para coisas muito finas
como contornos utilizo 1 ou 2 cabos e para preencher coloco mais cabos.
Tem algum conselho
para as bordadeiras principiantes?
Aconselho que não tenham medo de começar, que os pontos mais
básicos já oferecem uma infinidade de possibilidades. Para começar podem
aprender o ponto de nó e o ponto lançado. A seguir acrescentem o ponto de
cadeia, o ponto de margarida ... e muitos mais!
Também gostava de lhes sugerir que façam os seus próprios
desenhos para criar confiança, mesmo que achem que não sabem desenhar. O pior
que pode acontecer é os desenhos parecerem de uma criança, mas o que há mais
bonito que o desenho de uma criança?
Se tivesse que definir
os seus bordados, como o faria?
É uma pergunta complicada, já que tenho menos a sensação de estar a
bordar do que de estar a desenhar. O bordado para mim é um meio. O bordado é
desenho.
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