André de Castro é um jovem violinista do Porto,
que se apaixonou pelo tricô e hoje cria as suas próprias peças. Fizemos-lhe esta entrevista para que conheça
melhor o seu trabalho.
Porquê e como começou
a fazer tricô?
O tricô apareceu na minha vida por coincidência. Sempre tive
curiosidade e gosto por trabalhos manuais, mas não existe nenhum antecedente familiar
ligado a este tipo de atividade.
Numa altura em que estava com alguns problemas ligados a
stress, resolvi arranjar uma atividade que me pudesse ocupar o tempo e a mente
de forma a não focar a minha atenção em algo que poderia tornar-se num problema
mais grave.
Por coincidência tive contato com uma amiga, que reside fora
do país e que estava a passar uns dias comigo. Dentro da mala trazia uma meia
que estava a tricotar. Achei imensa piada e resolvi experimentar; daí até
começar a aprender foi um ápice e não parei mais até hoje.
É violinista. Vê
alguma semelhança entre tocar violino e fazer tricô?
Sim, várias semelhanças. A mais imediata é o fato de considerar
ambos uma arte que exige imenso tempo e dedicação. Para tocar um instrumento
musical é necessário muito estudo, disciplina, persistência para que os
resultados sejam os melhores. No tricô também... A parte do estudo, da
investigação e da prática são algo que permite desenvolver a técnica. Apenas
com um domínio completo de todos os aspetos técnicos conseguimos ter
ferramentas para desenvolver mais o aspeto criativo.
Quando começou a
ensinar tricô?
Comecei a dar aulas de tricô há dois anos e mais
intensivamente há cerca de um ano.
Presentemente onde se
pode assistir às suas aulas?
Existem diversas vertentes nas minhas aulas e workshops. Já
há algum tempo que percorro o país para ensinar tricô. Grande parte do meu
trabalho consiste em levar a todas as pessoas este tipo de conhecimento, de
forma a que seja acessível a todos.
Ultimamente a maior parte das minhas aulas realiza-se em
Lisboa, onde sou convidado por diversos espaços a dar workshops e outros são
organizados por mim.
Outra vertente das minhas aulas, que está a ter um enorme
impacto e sucesso, são as minhas aulas online, por videoconferência, às quais
as pessoas podem ter acesso e participar em todos os meus workshops a partir de
casa. Desta forma todos aqueles que residem em locais mais afastados e não têm
possibilidade de estar presencialmente num dos meus workshops, podem ter acesso
aos mesmos.
Que tipos de fios
utiliza habitualmente e qual o seu preferido?
A palavra de ordem na minha escolha de fios é: natural. Sou
um adepto incondicional das fibras naturais e só trabalho com fios que tenham
estas características. Gosto também de fios com fiados e/ou tingidos
manualmente.
Fale-nos um pouco dos
seus grupos de tricô?
O meu grupo de tricô começou a partir do momento que me
tornei administrador do grupo “Tricotar em Público”, no Facebook. Na altura em
que fui convidado para “agarrar” o grupo, este estava quase a desaparecer por
falta de ideias, motivação, envolvimento por parte de todos. Eu e uma amiga,
que administra o grupo comigo, resolvemos que era necessário uma lufada de ar
fresco e foi isso que fizemos: criar ideias novas, projetos em conjunto,
encontros de tricô para que todos pudessem participar mais ativamente. Neste
momento é o grupo do Facebook dedicado a tricô/croché com mais membros, cerca
de 20.000, o que exige uma grande atenção diária da nossa parte.
Como é o seu processo
de trabalho?
O meu processo de trabalho primeiro que tudo é muito
organizado. São diversas as atividades que desenvolvo ligadas ao tricô. Grande
parte do meu dia é concentrado a preparar aulas, a investigar novos temas,
desenvolver novas ideias. Tenho algum tempo que reservo diariamente para
responder às imensas mensagens que recebo com dúvidas e pedidos de ajuda.
Qual a peça que mais
gosta de tricotar e porquê?
Essa é uma pergunta difícil, pois gosto de tricotar todos os
tipos de peças... Não gosto de peças muito simples, pois aborreço-me
facilmente. Tem de existir sempre algo diferente, desafiante... Talvez por isso
goste de peças com técnicas arrojadas e que envolvam pensar. Neste campo talvez
os trabalhos com rendados complexos e trabalhos de cor sejam os meus favoritos.
Utiliza outras
técnicas criativas no seu dia-a-dia? Qual a sua favorita?
Comecei recentemente a desenhar e é algo que me tem
despertado um gosto imenso. Embora não tenha muito tempo para me dedicar ao
desenho é algo que está a começar a fazer parte da minha vida... mais uma arte.
Há mais alguma
técnica que gostasse de aprender?
Há várias... Gosto muito de fiação e cheguei a aprender
algumas coisas. Mais uma vez a falta de tempo não me permite para já
desenvolver mais a fundo esta técnica.
Qual o seu próximo
projeto?
Para já não posso desvendar qual o projeto, mas posso dizer
que são vários... E que em breve surgirão grandes novidades ligadas ao tricô em
Portugal e das quais irei fazer parte.
André, muito obrigada pela entrevista e muito sucesso para o
seu trabalho! Aqui pode acompanhar
as criações do André de Castro.
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