sábado, 19 de março de 2016

Entrevista: André de Castro e o tricô

André de Castro é um jovem violinista do Porto, que se apaixonou pelo tricô e hoje cria as suas próprias peças. Fizemos-lhe esta entrevista para que conheça melhor o seu trabalho.


Porquê e como começou a fazer tricô?

O tricô apareceu na minha vida por coincidência. Sempre tive curiosidade e gosto por trabalhos manuais, mas não existe nenhum antecedente familiar ligado a este tipo de atividade.

Numa altura em que estava com alguns problemas ligados a stress, resolvi arranjar uma atividade que me pudesse ocupar o tempo e a mente de forma a não focar a minha atenção em algo que poderia tornar-se num problema mais grave.

Por coincidência tive contato com uma amiga, que reside fora do país e que estava a passar uns dias comigo. Dentro da mala trazia uma meia que estava a tricotar. Achei imensa piada e resolvi experimentar; daí até começar a aprender foi um ápice e não parei mais até hoje.


É violinista. Vê alguma semelhança entre tocar violino e fazer tricô?

Sim, várias semelhanças. A mais imediata é o fato de considerar ambos uma arte que exige imenso tempo e dedicação. Para tocar um instrumento musical é necessário muito estudo, disciplina, persistência para que os resultados sejam os melhores. No tricô também... A parte do estudo, da investigação e da prática são algo que permite desenvolver a técnica. Apenas com um domínio completo de todos os aspetos técnicos conseguimos ter ferramentas para desenvolver mais o aspeto criativo.

Quando começou a ensinar tricô?

Comecei a dar aulas de tricô há dois anos e mais intensivamente há cerca de um ano.

Presentemente onde se pode assistir às suas aulas?

Existem diversas vertentes nas minhas aulas e workshops. Já há algum tempo que percorro o país para ensinar tricô. Grande parte do meu trabalho consiste em levar a todas as pessoas este tipo de conhecimento, de forma a que seja acessível a todos.

Ultimamente a maior parte das minhas aulas realiza-se em Lisboa, onde sou convidado por diversos espaços a dar workshops e outros são organizados por mim.

Outra vertente das minhas aulas, que está a ter um enorme impacto e sucesso, são as minhas aulas online, por videoconferência, às quais as pessoas podem ter acesso e participar em todos os meus workshops a partir de casa. Desta forma todos aqueles que residem em locais mais afastados e não têm possibilidade de estar presencialmente num dos meus workshops, podem ter acesso aos mesmos.


Que tipos de fios utiliza habitualmente e qual o seu preferido?

A palavra de ordem na minha escolha de fios é: natural. Sou um adepto incondicional das fibras naturais e só trabalho com fios que tenham estas características. Gosto também de fios com fiados e/ou tingidos manualmente.

Fale-nos um pouco dos seus grupos de tricô?

O meu grupo de tricô começou a partir do momento que me tornei administrador do grupo “Tricotar em Público”, no Facebook. Na altura em que fui convidado para “agarrar” o grupo, este estava quase a desaparecer por falta de ideias, motivação, envolvimento por parte de todos. Eu e uma amiga, que administra o grupo comigo, resolvemos que era necessário uma lufada de ar fresco e foi isso que fizemos: criar ideias novas, projetos em conjunto, encontros de tricô para que todos pudessem participar mais ativamente. Neste momento é o grupo do Facebook dedicado a tricô/croché com mais membros, cerca de 20.000, o que exige uma grande atenção diária da nossa parte.


Como é o seu processo de trabalho?

O meu processo de trabalho primeiro que tudo é muito organizado. São diversas as atividades que desenvolvo ligadas ao tricô. Grande parte do meu dia é concentrado a preparar aulas, a investigar novos temas, desenvolver novas ideias. Tenho algum tempo que reservo diariamente para responder às imensas mensagens que recebo com dúvidas e pedidos de ajuda. 

Qual a peça que mais gosta de tricotar e porquê?

Essa é uma pergunta difícil, pois gosto de tricotar todos os tipos de peças... Não gosto de peças muito simples, pois aborreço-me facilmente. Tem de existir sempre algo diferente, desafiante... Talvez por isso goste de peças com técnicas arrojadas e que envolvam pensar. Neste campo talvez os trabalhos com rendados complexos e trabalhos de cor sejam os meus favoritos.


Utiliza outras técnicas criativas no seu dia-a-dia? Qual a sua favorita?

Comecei recentemente a desenhar e é algo que me tem despertado um gosto imenso. Embora não tenha muito tempo para me dedicar ao desenho é algo que está a começar a fazer parte da minha vida... mais uma arte.

Há mais alguma técnica que gostasse de aprender?

Há várias... Gosto muito de fiação e cheguei a aprender algumas coisas. Mais uma vez a falta de tempo não me permite para já desenvolver mais a fundo esta técnica.


Qual o seu próximo projeto?

Para já não posso desvendar qual o projeto, mas posso dizer que são vários... E que em breve surgirão grandes novidades ligadas ao tricô em Portugal e das quais irei fazer parte.

André, muito obrigada pela entrevista e muito sucesso para o seu trabalho! Aqui pode acompanhar as criações do André de Castro.


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