Evelin Kasikov nasceu na Estónia, mas vive atualmente em Londres, onde trabalha como
designer e ilustradora.
Estudou
design gráfico em Central Saint Martins e no seu mestrado desenvolveu o projeto
“Bordado CMYK”, no qual tem trabalhado desde então a bordar ilustrações para
clientes como a Nike, The Guardian e o New York Times entre outros.
Falámos com
a Evelin para que nos explicasse a sua forma de trabalhar e como é que uma
designer gráfica passou para o bordado.
Legenda: Autorretrato
bordado de Evelin
Começou a bordar, quando estava a
estudar? Porque é que escolheu esta técnica? Já tinha bordado antes? Como
aprendeu?
Venho da
Estónia, um país com uma longa tradição de lavores. Como tal, tecnicamente
sabia tricotar e bordar, mas nunca pensei que estes conhecimentos me iriam ser
úteis. Há uma clara diferença entre o mundo da arte e o dos lavores, mas na
Estónia ainda mais. Nunca me tinha ocorrido bordar num contexto de design. Mas
quando estava a estudar na escola Central Saint Martins em Londres, comecei a
ver os lavores de maneira diferente, doutra perspetiva e percebi como podem ser
surpreendentes, inovadores e modernos. O meu mestrado também originou uma
mudança profissional na minha carreira. Trabalhava em publicidade há 10 anos e
era o momento de virar a página. O “Bordado CMYK” foi o resultado de muitas
coisas: a minha paixão pelos materiais, a minha formação em design gráfico e também
a liberdade de experimentar, que tive durante o mestrado. Pela primeira vez na
minha carreira sentia que tinha encontrado o meu lugar.
Porque é que uma designer gráfica
trabalha com têxteis e à mão? A maioria dos designers gráficos, que conhecemos
trabalha sempre com o computador…
Sim, sou
designer gráfica de formação, ainda que habitualmente as pessoas não se dêem
conta disso quando vêem as minhas obras. Continuo a trabalhar com computadores
a maior parte do tempo (também sou designer editorial e ilustradora). O bordado
para mim é uma tecnologia como outra qualquer. No caso do “Bordado CMYK” é uma
tecnologia para impressão mas táctil. Nunca trabalhei com técnicas artesanais
por razões nostálgicas.
Borda principalmente sobre papel.
Tem alguma recomendação para trabalhar sobre esta superfície?
Uso papel
grosso e sem ácido. O papel fino rasga com muita facilidade. E o papel sem
ácido é essencial, porque acima de tudo o bordado requer muito tempo e não vale
a pena bordar sobre um papel barato, que fica amarelo com o passar dos anos. Os
meus papéis preferidos são da marca Fabriano, Heritage e Canaletto. Gosto do
papel liso de 300 gramas. O papel demasiado fino é impossível de trabalhar.
Que tipo de fios utiliza?
Para a maioria
das peças bordadas utilizo fio de algodão torcido tipo Retors Mat e também
Mouliné.
Como prepara os seus desenhos antes
de bordar? Qual é o processo do esboço à obra final?
Está tudo
feito no meu Mac, estou muito habituada a fazer desenhos no computador...
Os projetos
comerciais começam normalmente com um briefing. A seguir tenho as primeiras ideias
e faço esboços. Como designer editorial estou habituada a trabalhar com o InDesign,
porque faz tudo o que preciso: linhas e formas. Com as primeiras ideias faço
sempre provas com materiais e assim o cliente pode escolher o tipo de ponto e o
material. O esboço deve ser aprovado antes de começar a bordar, porque depois
de começar a bordar é difícil fazer alterações. É importante também pensar no
tamanho para assegurar que a obra final se pode fotografar bem. A maioria das
ilustrações para livros é bordada num tamanho maior que o do livro ou revista.
Qual foi o bordado maior que já fez?
Uma peça
que fiz para para uma parede dos escritórios da agência de publicidade McGarry
Bowen de Londres.
Era uma
obra com pregos e fios, portanto não era um bordado no sentido restrito da
palavra. Mas foi um grande desafio trabalhar numa parede de 6 metros de
largura. Os maiores trabalhos de bordado que tinha feito eram em tamanho A1
(594x841 mm).
O que é que aparece primeiro nas suas
obras, a cor ou as formas?
Desses dois
elementos diria que são as formas. Frequentemente dou voltas e brinco com
formas de letras experimentais. É a minha maneira favorita de passar o tempo.
São só esboços rápidos a preto e branco. Os melhores desenvolvo-os em projetos
bordados.
Muito obrigada Evelin por responder
às nossas perguntas, seguiremos de perto o seu trabalho!
Se quiser ver todos os seus projetos,
visite o seu site
aqui.
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