sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Bordados da Lixa


Os bordados da Lixa, tal como a maioria dos bordados tradicionais portugueses, têm a sua origem em épocas passadas, quando as raparigas tinham de aprender a bordar para realizar o seu enxoval. A arte de bordar era transmitida pelas mães às filhas, passando assim de geração em geração até aos nossos dias.

Num artigo sobre artesanato no Jornal da Lixa, o Professor F. Soares Gonçalves diz “A Lixa não tem mar, mas tem bordados”. Estes bordados eram executados por mulheres que, após ajudarem os pais ou os maridos nas tarefas do campo, ainda conseguiam arranjar tempo para transformar os panos de linho em toalhas bordadas, para serem utilizadas em festas ou ocasiões especiais, guardadas em arcas com grande estima e valor.


Alguns oriundos da Lixa são da opinião de que estes bordados tiveram origem em alguns exemplares, que existiram há cerca de 200 anos numa casa rica da região, a “Casa de Domingos Pinheiro”, no lugar de Pousada, em S. Tiago de Figueiró, Concelho de Amarante. 


 
Antigamente chegavam a existir cerca de 200 bordadeiras espalhadas pela zona da Lixa. Em tempos passados, os comerciantes que se destinavam à venda destes bordados, apareciam para os comprar em grandes quantidades. Nos dias de hoje a sua venda desceu um pouco devido à crise económica.

Actualmente existe uma feira anual nacional de bordados, a “Expolixa”, realizada pela Associação para o Desenvolvimento e Promoção da Lixa - “Apromolixa”, com o intuito de promover e divulgar os bordados desta região.

A característica mais evidente destes bordados é o “crivo simples”, que origina do ponto de passagem na rede tecida com a técnica dos “fios tirados”, ou ainda o bordado a cheio. 


 
As peças mais frequentes, onde se encontram estes bordados, são: lençóis, almofadas, toalhas de rosto, napperons, toalhas de mesa e até lenços de mão.

Para se executarem, utiliza-se geralmente um bastidor de cartão em forma de tambor, onde se prendem os panos de linho com alguns alinhavos. Quando se trata de bordado a cheio, são utilizados uns travesseiros rectangulares de 45 cm x 30 cm de papelão, onde se prende o linho para bordar.

Hoje em dia as bordadeiras e as casas de bordados da Lixa preferem utilizar do fio de algodão DMC nas suas obras. Os pontos mais utilizados são o ponto a cheio, o ponto espinha, o ponto de recorte, o ponto de cesta aberta, os ilhós, os ilhós sombreados, o ponto Richelieu e o ponto de cruz, o ponto grilhão, o ponto areia, o ponto nó, o rolinho nos contornos de alguns desenhos, o ponto pé de flor, o ponto canutilho, o ponto meia pena e o ponto aranha entre outros.

Os motivos são variados, mas na maioria da flora e fauna local, cachos de uvas, parras, laços, composições florais, mas também monogramas bordados em toalhas de rosto. São sempre a branco, só no caso das toalhas de rosto bordadas com monogramas, aparecem o vermelho e o ponto de cruz.



Trabalhos de Maria Sampaio.

4 comentários:

  1. Trabalhos lindissimos. Espelham uma pureza singular!!!!
    Parabéns pela divulgação...
    abraços de MF

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  2. Sempre ouvi falar dos bordados da lixa e são realmente maravilhosos e perfeitos.
    Parabéns

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  3. Os bordados da Lixa e do Vale do Sousa são verdadeiramente de uma riqueza incomparável em Portugal e no Mundo! O site www.hearts.pt tem exemplos de obras de verdadeira arte intemporal do tradicional bordado manual português. Poderão também visitar o blog www.bordadosartesanato.blogspot.com

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