sábado, 30 de abril de 2016

Entrevista a Delacruz, joalharia em ponto de cruz


Teresa Vaquerizo é uma designer de Madrid, criadora da marca Delacruz. As suas criações de joalharia chamam a atenção pela utilização do ponto de cruz, tradicionalmente reservado a outros âmbitos. Fizemos-lhe esta entrevista para conhecer melhor este bonito projeto.


Quando começaste a bordar e porquê?
Comecei muito pequena, ensinou-me a minha mãe, mas rapidamente deixei de lado durante muitos anos. Bordar em ponto de cruz era o hobby da minha mãe e quando tinha cinco ou seis anos ensinou-me. Sentávamo-nos juntas à tarde a bordar e a ouvir rádio. A minha mãe agora tem um problema de artrose e infelizmente já não pode bordar. Retomar o ponto de cruz é, de certo modo, também uma homenagem a ela. Nunca o abandonei de todo, mas tinha dificuldade em encontrar esquemas giros. Falo de há anos atrás, agora há coisas maravilhosas.


Quando e como nasceu a Delacruz?
A Delacruz nasceu em 2012. Queria fazer algo diferente com ponto de cruz, porque parece uma coisa de avós, mas eu no fundo vejo essas cruzes como pixéis e queria fazer uma coisa gira, diferente das típicas flores, paisagens ou animaizinhos. Pensando no que poderia ser, dei conta que, por ser trabalhoso, teria que ser pequeno e ocorreu-me a joalharia. Comecei a investigar na internet e encontrei algumas coisas que me inspiraram. Primeiro fiz uma experiência com uns materiais, que comprei pela internet e onde podia introduzir tecido. Para meu espanto a minha família e amigos gostaram muito, assim continuei a investigar e encontrei outro fornecedor com molduras muito giras para introduzir o tecido. A partir daí desenvolvi os desenhos, registei a marca, comecei a ir a feiras, a vender em algumas lojas... e o meu namorado ajudou-me a desenhar o logotipo, a página web e tudo mais.


Tinhas conhecimentos de joalharia quando começaste?
Nenhum. Em 2014, quando lancei a marca, inscrevi-me num curso de joalharia, onde aprendi as bases para fazer as minhas próprias peças onde introduzo o tecido. A coleção deste ano, que apresentei no passado Festivalet, é inteiramente desenhada por mim.



Que tipo de fios costumas usar? Com quantos cabos bordas?
No início fiz alguma coisa com cor, mas agora só utilizo fio branco da DMC, do qual só utilizo um cabo para bordar, e um fio metálico dourado que tem 3 cabos e, neste caso, bordo com os três.


Bordas sobre tela Aida, de quantos pontos por cm?
Sim, utilizo sempre tela Aida 72 preta e tenho de encomendar em Itália, porque uso a de 7 pts/cm. O quadrado é muito pequeno e como não é habitual aqui, não a encontro. Para proteger os olhos (ainda que não os proteja), utilizo um foco de luz, que ponho debaixo da tela.


Planeias bordar com outros pontos?
Em princípio não, apesar de não fazer mal nenhum experimentar…


Com que materiais trabalhas nas tuas peças?
Na primeira coleção utilizei molduras de latão, que comprava a um fornecedor dos Estados Unidos e também desenhei umas peças de madeira, que mandei fazer num carpinteiro local.
Na segunda como já tinha alguns conhecimentos de joalharia, comecei a transformar um pouco as molduras que comprava, soldava peças, etc. E já comecei a dar-lhes um banho de ouro e prata para melhorar a qualidade.
Na terceira coleção, que poderão ver em breve (estamos neste momento a tirar as fotos e estará dentro de pouco tempo no nosso site), quase todas as peças são em prata de lei, também prata de lei com banho de ouro e algumas de latão com banho de ouro. A ideia é ir melhorando a qualidade do material, ainda que, claro, isto aumente o preço das peças.


Quero agradecer por esta entrevista, felicitá-los por este blogue fantástico, muito inspirador e também incentivar toda a gente a fazer coisas com as suas próprias mãos, qualquer coisa. De certeza que lhes dará muito prazer!

Muito obrigada, Teresa!


   

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