Teresa
Vaquerizo é uma designer de Madrid, criadora da marca Delacruz. As suas criações de joalharia chamam a atenção pela
utilização do ponto de cruz, tradicionalmente reservado a outros âmbitos. Fizemos-lhe
esta entrevista para conhecer melhor este bonito projeto.
Quando começaste a bordar e porquê?
Comecei muito
pequena, ensinou-me a minha mãe, mas rapidamente deixei de lado durante muitos
anos. Bordar em ponto de cruz era o hobby da minha mãe e quando tinha cinco ou
seis anos ensinou-me. Sentávamo-nos juntas à tarde a bordar e a ouvir rádio. A
minha mãe agora tem um problema de artrose e infelizmente já não pode bordar. Retomar
o ponto de cruz é, de certo modo, também uma homenagem a ela. Nunca o abandonei
de todo, mas tinha dificuldade em encontrar esquemas giros. Falo de há anos
atrás, agora há coisas maravilhosas.
Quando e como nasceu a Delacruz?
A Delacruz
nasceu em 2012. Queria fazer algo diferente com ponto de cruz, porque parece uma
coisa de avós, mas eu no fundo vejo essas cruzes como pixéis e queria fazer uma
coisa gira, diferente das típicas flores, paisagens ou animaizinhos. Pensando
no que poderia ser, dei conta que, por ser trabalhoso, teria que ser pequeno e
ocorreu-me a joalharia. Comecei a investigar na internet e encontrei algumas
coisas que me inspiraram. Primeiro fiz uma experiência com uns materiais, que
comprei pela internet e onde podia introduzir tecido. Para meu espanto a minha
família e amigos gostaram muito, assim continuei a investigar e encontrei outro
fornecedor com molduras muito giras para introduzir o tecido. A partir daí
desenvolvi os desenhos, registei a marca, comecei a ir a feiras, a vender em
algumas lojas... e o meu namorado ajudou-me a desenhar o logotipo, a página web
e tudo mais.
Tinhas conhecimentos de joalharia
quando começaste?
Nenhum. Em
2014, quando lancei a marca, inscrevi-me num curso de joalharia, onde aprendi
as bases para fazer as minhas próprias peças onde introduzo o tecido. A coleção
deste ano, que apresentei no passado Festivalet,
é inteiramente desenhada por mim.
Que tipo de fios costumas usar? Com
quantos cabos bordas?
No início fiz
alguma coisa com cor, mas agora só utilizo fio branco da DMC, do qual só
utilizo um cabo para bordar, e um fio metálico dourado que tem 3 cabos e, neste
caso, bordo com os três.
Bordas sobre tela Aida, de quantos
pontos por cm?
Sim, utilizo
sempre tela Aida 72 preta e tenho de encomendar em Itália, porque uso a de 7
pts/cm. O quadrado é muito pequeno e como não é habitual aqui, não a encontro.
Para proteger os olhos (ainda que não os proteja), utilizo um foco de luz, que
ponho debaixo da tela.
Planeias bordar com outros pontos?
Em princípio
não, apesar de não fazer mal nenhum experimentar…
Com que materiais trabalhas nas tuas
peças?
Na primeira
coleção utilizei molduras de latão, que comprava a um fornecedor dos Estados
Unidos e também desenhei umas peças de madeira, que mandei fazer num
carpinteiro local.
Na segunda como
já tinha alguns conhecimentos de joalharia, comecei a transformar um pouco as
molduras que comprava, soldava peças, etc. E já comecei a dar-lhes um banho de ouro
e prata para melhorar a qualidade.
Na terceira
coleção, que poderão ver em breve (estamos neste momento a tirar as fotos e
estará dentro de pouco tempo no nosso site), quase todas as peças são em prata
de lei, também prata de lei com banho de ouro e algumas de latão com banho de
ouro. A ideia é ir melhorando a qualidade do material, ainda que, claro, isto
aumente o preço das peças.
Quero
agradecer por esta entrevista, felicitá-los por este blogue fantástico, muito
inspirador e também incentivar toda a gente a fazer coisas com as suas próprias
mãos, qualquer coisa. De certeza que lhes dará muito prazer!
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