Entrevista a Vânia Romano criadora de “The Spotless Loop”

Vânia Romano é uma artista Portuguesa residente em Lisboa.
A particularidade do seu trabalho é a mistura de madeira e bordados, que utiliza nas suas peças.
Fizemos-lhe uma entrevista para conhecer a verdadeira personalidade por trás de The Spotless Loop.

Como começaste a bordar?

Quando era pequena fazia muito ponto cruz, mas passado algum tempo deixei. Uns anos mais tarde comecei a estudar joalharia, o que me permitiu trabalhar e experimentar muitos materiais. Percebi muito cedo que preferia trabalhar a madeira e o têxtil em vez do metal.
Foi assim que o bordado se tornou uma parte importante do meu trabalho.

Tiveste formação profissional ou és uma autodidacta?

Comecei a fazer bordado e croché e a trabalhar a madeira sozinha. Sempre gostei de aprender e de experimentar coisas novas. Quando descubro algo novo que me interessa, não me importa o esforço nem os fracassos, que temos de passar antes de atingir o objectivo final. Foi assim com o bordado, todo o trabalho mereceu o esforço. 

 
Como descreves o teu trabalho?

Sou uma apaixonada pela arte e pelo desenho, interessa-me muito a interacção entre os objectos e o corpo humano e a conexão que temos com eles na nossa vida.
Foi por essa razão que comecei a fazer joalharia e bijutaria. Descrevo o meu trabalho como uma “experiência táctil”, as minhas peças são algo mais que um objecto para usar e ver.

Porque elegeste o bordado como técnica nas suas criações?

O bordado é para mim a técnica ideal para dar relevo aos meus desenhos. Os fios e os tecidos são materiais que considero “quentes” e próximos. De facto, utilizamo-los todos os dias, estão em contacto com o nosso corpo a maior parte do tempo e penso que temos uma grande relação com eles. É por isso que os integrei no meu trabalho. Queria que as minhas criações provocassem vontade de tocar e utilizar, dando uma sensação de conforto e proximidade a quem as usa.
Também estou orgulhosa de ter integrado o bordado nas minhas criações! Muitas vezes é associado incorrectamente a uma tradição aborrecida, que só as nossas avós faziam.
Estou muito contente por poder explorar esta arte tradicional e dar-lhe uma visão divertida e contemporânea.

Como evoluíram as tuas criações desde que integraste o bordado?

Criar objectos tem sido sempre uma constante na minha vida, embora nem sempre soubesse o que queria fazer exactamente. Comecei por criar peças com fios e experimentar juntar os tecidos. Até que um dia li um artigo sobre Jenny Hart e comecei a ficar com vontade de bordar. Foi com o tempo que consegui combinar os meus dois materiais favoritos: a madeira e o têxtil. Penso que o meu trabalho está em constante evolução, é por isso que adoro o bordado, porque também está em contínua evolução.
Neste momento estou a trabalho num projecto de criação de bijutaria para pessoas cegas. É realmente um desafio conseguir pôr mensagens em braile nas minhas peças. Actualmente tento fazer pontos de sutura na madeira, que não consegui, mas ainda há tempo.

Qual é a tua próxima etapa?

Gostaria de fazer criações de tamanho grande com mais detalhes, coisa que não posso fazer com a bijutaria. Por isso estou a pensar em fazer peças grandes com uma mensagem. Tenho muitas ideias para este novo projecto!

Descreve a tua forma de trabalho:

As melhores ideias vêm à noite, quando estou a tentar dormir. Não sei porquê, mas é sempre assim. Quando acordo no dia seguinte, começo a desenhar e a criar. O que me leva mais tempo são as cores. Penso a preto e branco e encontrar a melhor combinação de cores requer paciência.
Quando tenho uma ideia, desenho-a para estar segura e não a esquecer. Mas o que realmente gosto, é quando termino uma peça e vejo o resultado.

Obrigado Vânia por nos teres concedido esta entrevista!
Poderá ver as suas criações no seu site e na sua loja online.